quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Não tenho tempo

Versión en español.

Sério. E é a razão pela qual praticamente não estou escrevendo mais. Meu próximo post era para ser sobre a minha viagem para Madri, que faz, veja bem, quase dois meses. Agora já não tem mais sentido falar sobre Madri porque eu nem lembro mais como era Madri, nem como foi ter estaado em Madri. Lembro que a comida em quase todos os lugares era meio ruim, mas essa não pode ser a minha principal lembrança de Madri. 

Nos dias seguintes à viagem, cheguei a escrever uma parte do post na minha cabeça, mas infelizmente não é assim que as coisas funcionam, e enquanto a IA não puder transformar meus pensamentos em textos coerentes, não vai funcionar. Cerca de um mês depois da viagem, finalmente desisti.

Foi minha primeira viagem longa desde que estou em Barcelona e merecia algumas palavras, mas já era tarde demais. E eu continuava sem tempo. Então o próximo post poderia ser sobre Tarragona, pensei, uns dias antes da pequena escapada ao povoado histórico catalão. Entre contratempos com o trem (que não ia até Tarragona por obras nos trilhos, algo descoberto minutos antes de embarcar), chuva, passaporte esquecido e alerta massivo de temporal nos celulares, foi a cidade que mais gostei de visitar na Catalunha. E na Espanha. Mas eu continuava sem tempo para escrever a respeito. 

Agora já estamos com um pé em dezembro e eu não escrevi nada sobre coisa nenhuma e me sinto culpada, não apenas porque pago por este maldito domínio .com, mas porque gosto de escrever aqui. Porque daqui a alguns anos poderia ler outra vez o texto (que não existe) e rir sobre a comida dos restaurantes de Madri ser ruim e talvez sobre as combinações do metrô de lá levarem aproximadamente 15 minutos para serem concluídas. 

Então, como dizia, dezembro está dobrando a esquina e eu deveria escrever sobre como em uns dias vai fazer um ano que fui embora de Buenos Aires e que eu ainda penso naquele lugar todos os dias. E talvez sobre as coisas que eu mais sinto saudades de lá. Ou sobre as coisas que são melhores lá do que aqui, correndo o risco de que algum espanhol leia e descubra que Buenos Aires é a melhor cidade do mundo. 

E depois ainda teria que escrever sobre como pela primeira vez na minha vida, o meu aniversário, o Natal e o Ano Novo serão no inverno. COMO NOS FILMES. 

Daí lembro de todas às vezes em que me sentava com o computador nas pernas, encarando uma página em branco do Google Docs, morrendo de vontade de escrever e com tempo para isso, mas sem nenhuma ideia do que falar. 

Não lembro onde li que era muito mais fácil escrever quando tudo está uma bosta, que ou é isso, ou é deitar em posição fetal no quarto escuro, e acho que faz sentido. Porque eu não tenho tempo nem de deitar em posição fetal. Talvez 15 minutos antes de dormir.

Entre trabalhar como uma égua (uma égua freelancer, o que é pior, vocês sabem), ir à academia seis vezes por semana para manter a sanidade mental, as aulas de catalão (viu, nem essa eu tinha contado ainda) e as tarefas de catalão, minha pequena vida social e a afetiva e os vários livros que andei lendo, tive que escolher viver a escrever. Sim, uma loucura. De todos os modos, não devolverei a carteirinha.


Nenhum comentário:

Postar um comentário