quinta-feira, 4 de maio de 2023

Dormimos em uma farmácia de 1852

Leer versión en español.

Javi tinha uns dias de férias que estavam prestes a vencer, as minhas ainda eram válidas, but why not

E assim foi como fomos parar em Chascomús, uma cidadezinha histórica de 33 mil habitantes que fica a 127 quilômetros da Capital Federal. 

Na verdade, a coisa foi um pouco mais complexa, porque apesar de as férias já estarem agendadas havia um mês, ainda não sabíamos bem o que fazer. Ficar em Buenos Aires era uma opção que não nos desagradava. Sempre tem muita coisa para fazer e nos dias de semana é tudo muito mais fácil. No entanto, estávamos considerando também conhecer algum pueblito da província de Buenos Aires, que fosse histórico e não tão longe. As opções eram Chascomús e Capilla del Señor. Como Javi é pior que eu para tomar decisões, a coisa ficou no ar até cinco dias antes da viagem, quando finalmente acordei uma manhã e disse: Vamos para Capilla del Señor! 

Pues no, mi ciela. Ao procurar os horários dos trens, dois para ir e dois para voltar, descobrimos que o segundo trajeto estava interrompido por obras nas estações, de modo que o destino decidiu por nós. Iríamos a Chascomús.

Reservamos uma noite em um hotel tão lindo que me fez pesar se eu realmente ia querer sair de dentro dele para percorrer a cidade. Era pequeno e ficava em uma casa de 1852, onde funcionou a primeira farmácia da cidade. Antes de ser um hotel boutique, a casa foi outras coisas, entre elas um café cultural e uma cervejaria. Sim, eu li tudo a respeito do lugar antes da viagem.

Saímos do terminal de Retiro às 10 da manhã e às 12 já estávamos lá. Éramos os únicos hóspedes de La Botica de 1852 e fomos recebidos pelos donos, um casal, que nos contou tudo o que eu já sabia e um pouco mais. A dois metros da porta no nosso quarto, que ficava no pátio interno, estava a entrada de um túnel que era usado como acesso a alguns lugares do hoje centro histórico da cidade. 

É ainda mais curioso se considerarmos que o hotel está a poucos metros do palácio do governo municipal e da casa onde viveu durante 20 anos Raúl Alfosín, o primeiro presidente da Argentina depois de redemocratização. Basicamente no coração do centro histórico de Chascomús. Algo que também descobri na minha pré-pesquisa foi que anos antes de abrir La Botica - que tem apenas alguns meses de funcionamento -, o casal teve outro hotel a duas quadras dali, curiosamente em outra casa onde morou Alfonsín. 

Além de todo esse elemento histórico que sempre me interessa, Chascomús tem outro atrativo que me chamou atenção: uma laguna gigante que margeia toda a cidade, onde vivem pejerreyes, peixes típico da cidade que comemos nos nossos dois almoços, e alguns flamingos, que infelizmente só pude ver de longe. 

No fim das contas deu para viajar e deu também para ficar em Buenos Aires, que quase nunca é má ideia.









Ah, e sim, eu saí do hotel para conhecer a cidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário