viernes, 18 de febrero de 2022

Estou contribuindo com o enriquecimento de uma dermatologista

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Essa semana terminei de ler “El fin del amor”, livro da escritora argentina Tamara Tenenbaun, que é, na verdade, um ensaio com viés feminista sobre relacionamentos, e em um dos seus últimos capítulos não pude evitar aquele maroto sorriso de identificacão. Não apenas ali, já que ao longo do livro ela destrincha o que acontece na vida de 99% das mulheres, mas diria que principalmente. 

No capítulo em questão, ela discorre sobre padrões de beleza. Intrigada com a pele das influencers que ela via no Instagram, muito mais lisas e viçosas que a dela, que nunca teve acne e ainda é bastante jovem (Tamara tem a minha idade, mas o livro foi escrito quando ela tinha 28 ou 29), ela resolveu perguntar a uma delas o que ela fazia no rosto. Muito solicita, a influencer, que era conhecida de Tamara, passou o telefone da sua dermatologista. A título de curiosidade, ela decidiu ligar e marcar uma consulta, só pra ver o que médica diria. 

A reconhecença já começou ali, porque eu sabia muito bem o que viria em seguida. Duas semanas antes de ler aquelas páginas eu tinha ido consultar com uma dermatologista especializada em estética. Eu a encontrei no site do meu plano de saúde, era perto da minha casa e eu precisava urgente dar uma olhada nas oitenta mil pintas que tenho espalhadas pelo corpo. Por nenhuma razão em especial, eu faço isso anualmente e com a pandemia acabei pulando um ano e queria resolver essa pendência o quanto antes. E já que estava ali mesmo, no consultório de uma dermatologista especializada em estética, por que não aproveitar e perguntar o que ela recomendava para minha carinha de adolescente +30. 

Tamara conta no livro que se sentou em frente à médica com a certeza de que ela diria “querida, sua pele está ótima! Não precisa nada. Por via das dúvidas, passa esse creminho aqui e a gente se vê em cinco anos”. 

No meu caso, entretanto, eu não estava 100% segura de que a resposta seria essa, porque já tinha acontecido quando eu tinha 29. Fui a uma dermatologista para analisar minhas pintas e, bom, já que estava, perguntei o que ela recomendava para o rosto. 


Então, queria saber o que você acha que eu deveria começar a fazer na pele, já que esse ano faço 30. eu disse, esticando um pé de galinha imaginário no olho direito.

Ai, tá ótima, parece que tem 15!


E terminou a consulta.


Essa dermatologista em questão, segundo recordo, não era especializada em estética, então fingi (a mim mesma) que aquela resposta lisonjeira tinha me surpreendido. 


Voltando à Tamara, ela se sentou em frente à médica com a expectativa de receber a mesma resposta que eu tinha recebido da minha ex-dermatologista. Mas para seu total espanto, a sua sugeriu uma série de tratamentos, entre eles radiofrequência e mesoterapia, além de um “botóxzinho”, assim, com a naturalidade de quem recomenda um sabonete da Neutrogena. 

Minha nova dermatologista, depois de constatar que estava tudo bem com as minhas pintas, sugeriu limpeza de pele a cada três ou quatro meses, um peeling a partir de abril e também um “botóxzinho” nos pés de galinha (que na minha opinião, e minha opinião é a que importa, ainda são quase invisíveis). Só para “relaxar um pouquinho a pele”, ela disse.

Tamara agradeceu, mandou o velho “vamos vendo” e foi embora. Não voltou para fazer radiofrequência nem para um botóxzinho.

Eu, por outro lado, decidi não ser tão ousada. Afinal, onde já se viu uma mulher em seus 30 cometer o crime de ignorar as recomendações da sua dermatologista. Voltei uma semana depois para fazer uma limpeza profunda e saí de lá com dois cremes novos (e milhares de AR$ mais pobre). Em abril ou maio vou de novo porque é época de peeling. 


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