Cem.
Cem fucking dias.
Ai, sabe. Sinto que não dá mais. Mas não é uma opção. Eu não posso simplesmente fingir que não está acontecendo nada, como vocês estão fazendo aí no Brasil. Mesmo se eu fosse uma fora da lei e quisesse cagar para o sistema criado pelo tio Alberto, o quê eu poderia fazer fora de casa? Não tem um café aberto para comer um muffin de mirtilo. Não tem um restaurante chinês aberto pra comer uns dumplings. Não tem um bar aberto para tomar um trago inventado por um bartender gato. Não tem Centro Cultural Recoleta, não tem museu, não tem parque, não tem feira de artesanato ou de antiguidades. Tem nem shopping. As livrarias até estão abertas, cheias de restrições que não te dão a menor vontade de pôr os pés - mergulhados em uma solução desinfetante - em uma.
Aqui, ao mesmo tempo em que nos angustiamos por não poder sair, também nos angustiamos pensando no dia em que finalmente as coisas voltem a funcionar. Porque muitas simplesmente não vão voltar.
E essa sou só eu, a pessoa que ficou desempregada por 12 dias durante a quarentena e que ainda pode pedir um bagel com bacon e cheddar e até um combinado de sushi para almoçar durante a semana. Apenas eu, a pessoa que passa o dia com pantufas de flamingo.
quinta-feira, 25 de junho de 2020
100 dias em casa
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100 dias de solidão (às vezes a dois). Tá complicado mesmo...
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