domingo, 3 de maio de 2020

Fui demitida no meio de uma crise global causada por uma pandemia


E eu achando que trabalhar de casa todos os dias e só poder sair para ir ao supermercado e à farmácia por dois meses era o mais estranho que poderia acontecer na minha vida. As surpresas nunca terminam. Agora eu nao trabalho mais. Foi do nada. Um dia meu chefe me disse que gostava muito de como eu vinha fazendo meu trabalho e que, apesar da mega crise na empresa, na sucursal da Argentina não ia acontecer nada. No outro, me informava que infelizmente não iam poder renovar meu período de experiência porque a situação estava muito complicada, portanto eu trabalharia só até dia 30 de abril. Há pouco mais de um mes, o presidente Alberto Fernandez proibiu demissões por um período de 60 dias por meio de um decreto. Mas meu caso não era uma demissão, era uma “não-renovação de contrato”. Muito inteligente da parte dos meus ex-empregadores, vai dizer que não?

Isso nunca tinha acontecido comigo. Eu só deixei de trabalhar nos lugares que trabalhava porque eu quis deixar de trabalhar nesses lugares. Mas eu também nunca tinha vivido uma pandemia de um vírus mortal. E nunca tinha usado uma máscara “de médico”. Nunca tinha tomado rum com suco de maçã, nunca tinha me exercitado diariamente por mais de um mês e nunca tinha chegado a escrever até a página 52 de um romance, e, veja só. Como disse uma amiga, todos estamos fazendo coisas pela primeira vez.

Dia 1° de Maio foi meu primeiro dia como desempregada. Isso é pura poesía. Estive procurando emprego ininterruptamente desde o momento em que tiveram a gentileza de me avisar que eu estaria na rua em duas semanas - duas horas depois, que foi quando terminou minha crise de choro - , então no Dia do Trabalhador eu decidi que seria meu feriado também. Fiz manutenção das minhas plantas, que estavam quase mortas, toquei um pouco de piano (é um teclado, mas dizer piano é mais poético), escrevi um pouco e também li um pouco.
Daqui a pouco isso passa.

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