segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Para recordar

Bonbon é como o amor porteño te chama quando acha que você está especialmente hermosa naquela noite. Isso enquanto corre para abrir a porta do carro antes que você estique o braço para tentar fazer você mesma. A maioria é assim, não adianta.  Caballeros.  Pagam a conta do jantar independente de você jogar sua parte em notas de cien pesos na mesa, subir nela e fazer um escândalo citando Simone de Beauvoir e Emma Goldman. E na hora de ir embora ainda vai te ajudar a colocar o casaco para enfrentar o sombrio mundo sem estufa que os espera lá fora. Você vai ouvir 20 vezes por dia o quanto é preciosa, lo más, genial e espectacular, mas não acredite muito porque enquanto nós amamos um diminutivo, eles gostam é do exagero. E de fazer um bom drama.
As brasileiras que vivem em Buenos Aires costumam dizer, e eu não tardo em crer, que os homens argentinos/porteños são maridos muito melhores que os brasileiros. “Eles não passam a vida com um copo de cerveja na mão e a bunda no sofá”, me disse do alto dos seus 70 anos uma brasileira viúva de um argentino, com a qual tenho uma certa convivência. Acho que é mais ou menos por aí, o que não anula o lado enlouquecedor complicado que é se relacionar com um deles. No meu caso, então, que não busco casamento nenhum, só fico com a parte difícil, que, vá lá, tem seus momentos incríveis que fazem com que você nunca mais queira ver um brasileiro na sua frente.

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