Eu nem sei quando vai ser esse dia e pode ser que ele nunca
chegue, vai saber.
Vai que eu encontre o porteño que mudará todo meu ponto de
vista sobre casamento, filhos & amor eterno. Vai que o editor da Revista Ñ
ou da Rolling Stone argentina fume un porro e passe a achar que é uma boa ideia
contratar uma jornalista brasileira de 25 anos que mal sabe escrever em
espanhol. Mas com ou sem data prevista para voltar ao Brasil, toda vez que faço
algo que me dá muito prazer aqui eu penso “caralho, eu vou sentir falta disso” e começo a querer chorar.
Essas são as mais frequentes.
1 – Quem me conhece um pouquinho melhor sabe que eu nem
gosto de flores (ou seria de ganhar flores? Sim. É isso, eu não gosto de ganhar
flores), mas caminhar pelas ruas, da mais movimentada e com aglomerações
humanas à mais pacata, as banquinhas de flores espalhadas pelas calçadas com
todas aquelas cores e aromas têm o poder de deixar o dia muito melhor. Noite
dessas eu estava indo para a nite, passei por uma delas aqui em Belgrano e tinha um jovem senhor todo trabalhado
na jaqueta de couro e chelsea boots comprando um ramo de flores do campo. Em
alguns minutos uma mulher (que gosta de ganhá-las) ficaria muito feliz.
2 – Caminhar por aí de madrugada. Eu sei, sempre falo disso,
mas é que quanto mais eu faço, mais me surpreende a sensação de liberdade que
isso dá. Minha última façanha foi andar sozinha por umas sete quadras na
avenida Scalabrini Ortiz até a Santa Fé, em Palermo, às 5h para pegar o ônibus
e voltar pra casa. Na mesma calçada tinha gente voltando da balada, gente
voltando do trabalho, gente indo trabalhar, funcionários de restaurantes
limpando as mesas e os caras das bancas de jornal montando os cadernos. Nenhum
assaltante ou estuprador em potencial. (Não recomendo fazer isso fora de:
Palermo, Belgrano e Recoleta).
3 – Pegar ônibus e subte à noite. Especialmente às sextas e
sábados após às 21h30 junta uma fauna interessantíssima no transporte coletivo.
O subte só funciona até mais ou menos 22h30, então é a hora que as pessoas
estão indo a algum bar ou a uma previa na casa de amigos, sempre com roupinhas
descoladas em estilos distintos e muitas vezes carregando uma garrafa de vinho
ou Fernet dentro de uma sacolinha de plástico. Mais tarde, é no colectivo que
os boêmios se encontram para voltar pra casa.
4 – Comprar qualquer doce leite e ele ser bom. E isso vale
também para os vinhos. Claro que se você comprar os das melhores marcas, pagar
um pouquinho mais, eles podem ser ainda melhores, mas é muito difícil você
levar qualquer um que tenha no supermercado, chegar em casa, experimentar e
achar uma porcaria.
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